A manhã deste domingo (13) amanheceu mais silenciosa. A notícia da morte da cantora Sol, aos 59 anos, abalou fãs e colegas da indústria musical. Ícone da década de 1980, Sol — cujo nome verdadeiro era Sandra Fátima do Valle Reis — construiu uma carreira marcada por ousadia, carisma e versatilidade.
Sua partida, anunciada por meio de um comunicado oficial pela sua equipe nas redes sociais, deixou um vazio na memória afetiva de quem acompanhou sua ascensão nos palcos e na televisão brasileira.
Natural de Florianópolis (SC), Sol iniciou sua jornada artística ainda na infância. Aos sete anos, já se dedicava ao estudo de piano, balé clássico, canto lírico e acordeão. Essa formação sólida e precoce moldou uma artista completa, que não apenas cantava, mas também encantava com sua presença cênica. Apesar de ter se formado em Direito, foi na música e na televisão que encontrou sua verdadeira vocação.
Sol fez sucesso em programas de auditório nos anos 1980
Durante os anos 1980, Sol brilhou em programas de auditório como o Clube do Bolinha e o Programa Silvio Santos, onde seu estilo sensual e provocante a colocou em evidência. Era uma época em que a televisão aberta ditava tendências culturais, e Sol tornou-se uma das figuras mais comentadas, frequentemente comparada a outras artistas como Gretchen, Sharon e Rita Cadillac.
Entre suas músicas mais populares estão Meu Gatinho, Sonho Colorido e Professor de Amor. Com letras envolventes e ritmo contagiante, essas canções se tornaram trilha sonora de uma geração. Em 1989, lançou o álbum Sol - Lambada Sabor Tropical, que consolidou sua imagem como símbolo da sensualidade musical brasileira.
Sol também se destacou por sua habilidade com idiomas. Cantava em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e japonês — uma versatilidade que lhe abriu portas no exterior. No Japão, onde viveu por quase duas décadas, foi apelidada de Musa do Imperador, tamanha era sua popularidade entre o público local.
A carreira de Sol não foi isenta de controvérsias: sua rivalidade com Gretchen, alimentada pela mídia e pelo estilo semelhante das duas artistas, ganhou novos contornos em 2022, quando a artista entrou com uma ação judicial contra a biografia de Gretchen. Alegando ter sido ofendida no livro, ela pediu uma indenização milionária por danos morais. Embora o processo tenha sido inicialmente negado, o episódio reacendeu debates sobre a exposição de figuras públicas e os limites da liberdade editorial.
Nos últimos anos, Sol enfrentou dificuldades financeiras. Desde 2016, tornou pública sua situação delicada, incluindo o despejo do apartamento onde vivia no Morumbi, zona nobre de São Paulo. Mesmo diante das adversidades, manteve sua dignidade e continuou se apresentando, inclusive com shows programados até o dia de sua morte.
Sol foi encontrada sem vida por amigos em sua residência no Campo Limpo, zona sul da capital paulista. O velório está marcado para esta segunda-feira (14), no Cemitério da Vila Formosa, e uma campanha de arrecadação foi organizada para custear as despesas da cerimônia — um gesto que revela o carinho e respeito que ainda cercam sua memória.