A Justiça paulista contrariou um laudo pericial e absolveu o cantor Roberto Carlos da acusação de plágio na canção "Traumas" (1971), lançada em parceria com Erasmo Carlos (1941-2022). A informação foi divulgada nesta terça-feira (20/8pelo colunista Rogério Gentile.
A acusação de plágio foi registrada pela professora Erli Cabral Ribeiro Antunes, autora da música "Aquele Amor Tão Grande". No processo, a educadora alegou que ter enviado a gravação e partitura para um músico de Roberto Carlos junto com uma carta endereçada ao cantor. Sua composição foi compartilhada meses antes do lançamento do cantor.
Além disso, a professora afirmou que "Traumas" "tem identidade" com a sua composição, algo que não seria "mera coincidência". A perícia judicial chegou a atestar a existência de um plágio parcial no ano passado, sugerindo tons semelhantes.
Os peritos Cesar Peduti Filho e Eliane Pelegrini disseram que as composições têm "trechos idênticos" em suas estruturas musicais, ainda que existam "pequenas alterações" rítmicas e de tonalidade entre elas. "Comparados os compassos de ambas as canções, a ideia central de 'Aquele Amor Tão Grande' é tocada como refrão de 'Traumas'. Não restam dúvidas quanto à reprodução parcial da obra. Verificou-se o plágio", disseram.
No entanto, o juiz Christopher Alexander Roisin não acatou o laudo pericial por considerar as conclusões "insuficientes para caracterização" de plágio musical. O magistrado ressaltou ser filho de pianista e amigo de infância de um maestro, expressando seu conhecimento no assunto.
"As duas obras aproveitam estruturas melódicas inseridas dentro do estilo musical da época em que foram concebidas, assim é evidente que as músicas terão intervalos melódicos semelhantes, mas as diferenciações para encaixe com letra, ritmo e harmonia se fazem relevantes, já que são elas que permitem distinguir obras de um mesmo segmento artístico. Ou seja, naquilo que são semelhantes, não há demonstração de originalidade."